Lei do Valor

A existência da produção mercantil condiciona a acção da lei do valor que é válida em todas as formações socioeconómicas onde existe a produção mercantil.

Segundo a lei do valor o trabalho social exprime-se no valor das mercadorias e a troca realiza-se conforme a quantidade de trabalho abstracto socialmente necessário, materializado nas mercadorias trocadas.

A lei do valor nas condições de dominância da propriedade privada, dos meios de produção, cria a anarquia na produção e a concorrência entre os produtores.
Ao mesmo tempo a lei do valor exerce funções muito importantes na sociedade:

1 -A lei do valor contribui directamente para o desenvolvimento das forças produtivas e o aumento da produtividade do trabalho social;

2- A lei do valor funciona como regulador espontâneo na distribuição dos meios de produção e da mão-de-obra entre diferentes sectores da economia nacional. São estabelecidas determinadas proporções económicas que nunca são estáveis nas condições da propriedade privada;

3-A lei do valor conduz à maior diferenciação social na sociedade. Ao arruinamento de uns produtores mercantis e o enriquecimento de outros. Isto é, esta lei contribui para o desenvolvimento das relações de produção capitalistas.

Valor e trabalho

O que é o valor de uma mercadoria? Como é que ele é determinado?

“ Como os valores de troca [exchangeable values]das mercadorias são apenas funções sociais dessas coisas e não têm absolutamente nada a ver com as qualidades naturais, temos de perguntar, em primeiro lugar: qual a substância social comum a todas as mercadorias? É o trabalho. Para produzir uma mercadoria, um certo montante de trabalho tem de ser posto nela ou aplicado nela. E não digo apenas trabalho, mas trabalho social. Um homem que produz um artigo para seu próprio consumo imediato, para ele próprio o consumir, cria um produto, mas não uma mercadoria. Como produtor que se sustenta a si próprio, não tem nada a ver com a sociedade. Mas, para produzir uma mercadoria, um homem não tem apenas de produzir um artigo que satisfaça alguma necessidade social, o seu próprio trabalho tem de ser parte integrante da soma total de trabalho gasto pela sociedade. Tem de estar subordinado à Divisão do Trabalho no interior da Sociedade. Não é nada sem as outras divisões do trabalho e, pela sua parte, é requerido para a integrar. *

Uma mercadoria tem um valor, porque é uma cristalização de trabalho social.Os valores das mercadorias são directamente proporcionais aos tempos de trabalho empregue na sua produção e são inversamente proporcionais às forças produtivas do trabalho empregue.

Força de trabalho

O que o operário vende não é directamente o seu trabalho, mas a sua força de trabalho, transferindo para o capitalista a disposição temporária dela.

“O que é então, o valor da força de trabalho?

Como o de qualquer outra mercadoria, o seu valor é determinado pela quantidade de trabalho necessário para a produzir. A força de trabalho de um homem existe apenas na sua individualidade viva. Uma certa massa de meios de subsistência tem de ser consumida por um homem para crescer e manter a vida. Mas o homem, tal como a máquina, desgastar-se-á e terá de ser substituído por outro homem. Para além da massa de subsistência requeridos para a sua própria manutenção, ele necessita de outro montante de meios para criar uma certa quota de filhos que o hão-de substituir no mercado de trabalho e de perpetuar a raça dos trabalhadores.”**

Karl Marx – Obras escolhidas – edições Avante – Volume II – Pág.  47 a 58.


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